Ontem fui ao cinema ver “A Pequena Sereia” ou, na versão espanhola que vi, “La Sirenita”, baseada na versão homónima da Disney de 1989.
Quando saiu a versão de 1989, eu tinha sete anos. Foi pela mão da minha prima que eu consegui uma videocassete com este filme de desenhos animados, em versão brasileira, que revi quase até à exaustão (até literalmente a videocassete se ter avariado), mas não sem antes saber todas as falas de cor e salteado, bem como as músicas. Na minha infância, ao chegar da escola, era sempre tempo de: primeiro, fazer os trabalhos de casa e depois ver “A Pequena Sereia” pela milionésima vez!
Então, por aqui, já consegues imaginar a emoção que senti ontem ao ver esta versão tão bem conseguida e protagonizada pela cantora e agora atriz Halle Bailey, tendo como o Rei dos Mares o fabuloso Javier Bardem.
Contam as notícias que em 2019, quando foi anunciado pela Disney que “A Pequena Sereia” seria protagonizada por uma atriz negra, Halle Bailey foi alvo de ataques racistas nas redes sociais, com o uso de hashtags como #NotmyAriel e #ArielisWhite, que viralizaram no Twitter.
Eu penso que Hollywood tentou com esta versão passar uma mensagem contra o racismo. Afinal de contas, A Pequena Sereia é uma história sobre uma “sereia” que só quer “pertencer” a um mundo onde não está admitida, por não ter “pernas”.
No entanto, muito antes de ser um conto de amor entre uma sereia e um humano, “A Pequena Sereia”, escrita pelo escritor e poeta dinamarquês Hans Christian Andersen, foi um conto sobre um amor proibido real, o do seu autor por outro homem (Edvard Collin), segundo o historiador e biógrafo Rictor Norton.
O conto original é muito mais trágico do que a versão da Disney.
No conto original, a sereia apaixona-se por um príncipe, mas sabe que o seu amor é impossível, porque “ela” é “uma sereia” e ele é um humano – duas espécies de mundos diferentes e que, portanto, não podem estar juntas.
Hans refere uma “feia cauda” que é cortada e substituída por pernas, uma transformação dolorosa que muitos interpretaram como uma castração.
Em cartas escritas e enviadas por Hans Christian Andersen a Edvard Collin, pouco depois de este se comprometer com uma mulher, pode ler-se: “A nossa amizade é como Os Mistérios: não pode analizar-se.” ou ainda: “Sinto a tua falta como se fosses uma bela mulher”, acrescentando depois: “Os meus sentimentos são os de uma mulher.”
No conto de Hans Christian Andersen, a sereia morre, desfazendo-se em espuma, enquanto o príncipe se casa com outra bela mulher, à semelhança do que aconteceu com Edvard Collin, que se casou com a sua pretendente.
No conto original, A Pequena Sereia ganha então uma oportunidade de entrar no céu, que é interpretada como a oportunidade dada pela Fé católica ganha por Hans Christian Andersen, ao renunciar à manifestação da sua homossexualidade.
Também és fã de A Pequena Sereia?
Conhecias o conto original, de Hans Christian Andersen?
O que achaste da escolha de Halle Bailey para protagonizar o filme?
Gostaste de saber estas curiosidades?
Conta-me tudo, vou gostar de saber!
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